Mulambada,
São alguns anos que acompanho o
Maior de Todos. Precisamente desde 8, quando meu finado pai me levava ao
Maracanã para assistir não só aos jogos do Flamengo como do América, Vasco,
Fluminense e Botafogo. Não foram raras às vezes em que chegávamos cedo para a
preliminar entre outros menores. Ele gostava de futebol e queria me passar esse
vício.
Eu adorava. Nas idas
conversávamos sobre as perspectivas, dos jogadores que eu ia ver e da festa da
torcida. Na volta a resenha era sobre tudo o que havia acontecido. Algumas
vezes ele me levou ao vestiário outras ao gramado. Ele era jornalista, tinha
suas prerrogativas.
Íamos uma vez por ano a São Paulo
visitar parentes e lá o Pacaembu era nosso destino nos sábados ou domingos, na
maioria das vezes para ver o Corinthians de Rivelino, time do meu primo. Foi
assim que me simpatizei por essa agremiação, mas as últimas que culminaram com
a “aquisição” do Itaquerão me deixaram com nojo.
Foi assim até me tornar
independente e começar fazer esse programa com amigos. Meu pai tinha o gosto
apurado e já nessa época uma ponta de desilusão pelo esporte que começava a
ruir. Não foi raro ele dizer:
“Isso não é mais futebol!”
Eu já era um bom Rubro-Negro
quando se iniciou a década de 70. Ainda tive o privilégio de ver excelentes
times como o Internacional de Falcão e Carpegiani, a máquina tricolor de
Rivelino e os últimos suspiros de Pelé, Tostão e Gerson, entre outros.
Acompanhei os claudicantes
primeiros passos de Zico, Geraldo e demais membros da constelação de craques
que se anunciava a vestir o Manto Sagrado. As primeiras vitórias, os primeiros
títulos assim como o consequente crescimento de uma Nação que já era enorme.
Daí a História é conhecida de
todos. O mundo tornou-se pequeno diante de nosso gigantismo e foi
brilhantemente conquistado como nunca fora antes; nem depois. E ainda hoje
textos são escritos narrando a elegância desta conquista.
Outros muitos títulos foram
conquistados, mas com o passar dos anos eles foram rareando.
A qualidade do futebol piorava a cada
minuto jogado, mas eu persistia, ainda vivia boas emoções. Não foram poucos os
títulos: Cariocas em profusão, três Copas do Brasil e os dois últimos Brasileiros
alimentavam meu vício, mesmo que esses títulos entremeados por apresentações
medíocres (aqui no sentido real da palavra).
Eu vi todos eles ao vivo e a
cores e ainda era feliz.
Assim segui acompanhando o Mais Querido
mesmo a razão prevendo um futuro tempestuoso devido as diversas más
administrações que se sucediam. Eu tinha a esperança de que algo maior poderia
surgir do nada e virar o jogo em prol do meu Flamengo.
E à quase três anos uma corrente
de Flamengos
como eu conquistou o poder. Essa história também já é conhecida. Tornei-me
Sócio Torcedor logo depois. A austeridade no controle financeiro foi a deixa
para esperar dias melhores e ainda é a única esperança. Eu concordo.
Mas já não frequentava os
estádios. Minha paciência havia se esgotado.
A qualidade tornara-se tão baixa
que não via mais sentido em me deslocar altas horas da noite, sabendo que ia
voltar mais tarde ainda para ver nada que me desse ao menos alento. Mesmo assim
eu ainda vi in loco as últimas quatro partidas de nossa última conquista
nacional em cima do Genérico do Paraná.
Depois disso, nunca mais pisei em
um estádio. Nunca usufrui dos benefícios de ser Sócio Torcedor.
Passei a assistir aos jogos no
conforto de meu lar, bebendo uma cerveja com amigos e filho ou as vezes só,
largado no sofá da sala ou ainda no botequim da esquina com a galera.
Eu precisava de uma válvula de
escape. Criei esse blog para juntar duas coisas que gosto muito, escrever e Flamengo.
Não me divertia tanto quanto. O
prazer tornou-se aborrecimento mesmo nas vitórias que foram diminuindo.
E a mediocridade foi mais forte.
Sem muito o que dizer, para não me tornar repetitivo deixei de postar.
É latente que o esforço da nova
diretoria em manter as contas equilibradas e os salários em dia não está sendo
correspondido por aqueles que o recebem.
Não posso acreditar que esses
ditos profissionais treinem de terça a sábado, joguem no domingo e não consigam
evoluir.
Com raríssimas exceções, é um tal
de chutão pra frente, infindáveis cruzamentos sobre a área dos adversários sem
nenhuma efetividade. Os incontáveis passes laterais, muitos para trás, sem
objetividade...
Entra jogador novo, sai jogador
velho e o cenário não muda. A mediocridade está instalada no Flamengo
como um câncer incurável.
E olho para os lados, em busca de
uma solução e vejo que os demais clubes brasileiros se encontram na mesma
situação. Alguns um pouco melhor. Mas quando chega a hora “H” são derrotados
por timecos de terceira da Bolívia, Paraguai, Equador, etc.
A gota d’água foi assistir ao
último jogo. Estávamos diante da potência do nordeste do país, o portentoso
Sport Recife, que não faz muito tempo chafurdava na 3ª divisão brasileira.
Foram quase 80% de lixo. As
disputas acirradas faziam dos ditos profissionais assemelhar-se a gladiadores.
Um festival de mau-caratismo traduzido em faltas absurdas. A bola, coitada, era
chutada de um lado para o outro sem objetivo claro. Conquistar a vitória faz
tempo, deixou de ser o objetivo principal. Agora destruir as jogadas do
oponente e evitar a derrota é o objetivo. E como ninguém mais joga
porranenhuma, não há apenas um em campo com mínima lucidez para mudar a
história da partida, o jogo perde atratividade.
Saiu o 2º gol dos caras eu pedi a
conta. Fui embora.
No dia seguinte vi que o empate
havia sido conquistado. Eu fiquei imaginando como isso tinha sido possível. Até
agora não sei e nem vi o vt para saber.
Não deixarei de ser Flamengo isso é impossível, mas deixar de fazer algumas coisas para ver isso que vocês
erroneamente chamam de futebol eu não vou mais fazer.
O que conheço por futebol é algo
muito diferente disso que está aí. Nem na Europa se joga o que se chama de bom
futebol. O de lá só se sobressai porque o que se joga aqui é lixo.
Não faz muito tempo e pouco se
falava de “Champions League”. O que tínhamos aqui superava e muito o que tinha
lá. Hoje o de lá é a coqueluche.
Neguim fala do Campeonato
Espanhol, do Alemão, etc. Campeonatos como esses têm aos montes por aqui. O
mineiro, o gaúcho e outros mais com apenas dois times grandes disputando o
título. Mas também temos o Brasileiro, o maior e mais disputado do mundo que
hoje, diante da escassez técnica, tornou-se uma porcaria.
Sei que um timaço ainda não é
possível. Sei que, se continuarmos nesta austeridade econômico-financeira esse
dia chegará, tanto que não deixei de ser sócio torcedor. Eu acredito que
honestidade e contas em dia são os insumos para se construir uma estrada sólida
e longa, mas não posso me sujeitar a perder meu tempo vendo esse bando em
campo.
Não posso gastar tempo e mais dinheiro,
correr riscos e perder horas de sono para ter apenas 20% de prazer e no final do
jogo esse prazer se traduzir em um empate mixuruca arrancado a fórceps em cima
do pequenino Ixport usurpador de títulos.
Gol da Alemanha!
Não quero muito. Exigir? Nem
pensar. Bastaria, como bom Rubro-Negro que sou, que esse bando honrasse o Manto.
Eles são dos poucos no país que têm boa estrutura de treinamento e o principal,
salário EM DIA. Deveriam comer grama nos treinos e grama e terra nos jogos e
nos proporcionar melhores momentos do que estes que se atrevem a nos oferecer.
Saudações.